tô aqui psicografando umas paradas
nove dias para o fim do mundo, graças a deus. livreira tem certeza que já está morta, no inferno, por motivos de: muito calor, socorra. daí a freguesa, uma linda, toda trabalhada no sotaque (sotaque mineiro, melhor sotaque sim ou com certeza?), aborda o livreiro em busca de novas emoções literárias. ó:
freguesa (olhando para a mesa de lançamentos): moço, eu sou de minas, então quero saber o que tá bombando aqui na cidade de vocês?
(o que tá bombando na cidade? o sol, minha senhora, o sol)
livreiro: olha, de novidade, nós temos...
(livreiro mostra uma dezena de livros para a freguesa, que não vê graça em nenhum)
freguesa: ai, eu quero ler algo bom. o que você me indica?
livreiro: a senhora já leu clarice lispector?
freguesa: CLARICE? DEUS ME LIVRE, DETESTO CLARICE LISPECTOR.
(ai, gente, sabe. ok, tudo bem não gostar de clarice, mas dói o coração quando alguém fala isso como se fosse a coisa mais natural do mundo? tá, é normal, mas gente?)
livreiro: não gosta da clarice, é?
freguesa: DETESTO. DETESTO LIVRO ESPÍRITA.
(BOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOM)
manual prático de bons modos em livrarias: delírio é pouco. "clarice autora de livros espíritas" ainda não tem nome. sério, podemos encerrar 2012, o mundo, a vida.