e bom senso, tem?

 porque eles querem tudo, menos livros.

das coisas absurdas [criada com a ajuda da comunidade hippie] que já pediram para nós, livreiros:

- aparelho nasal;
- crédito para celular;
- telesena;
- remédio para dor de cabeça;
- preservativos;
- sabonetes;
- cadeado;
- ficha de orelhão (2008);
- espada;
- telescópio;
- palitinhos de sorvete;
- aparelho celular;
- forma de bolo;
- cinta do dr.ray (HAHAHA);
- pilha;
- tesoura;
- guardanapo para bordar;
- camiseta de time de futebol, feminina, tamanho m;
- aspirador de pó;
- capa para proteger computador da poeira;
- aparelho de som para carro;
- gelo seco;
- álcool em gel;
- pipoca de microondas;
- tomada;
- pincel e creme de barbear;
- escova e pasta de dente;
- caixa de ferramentas;
- pen drive com músicas baixadas;
- amor

"já me perguntaram se vendia ferramentas. sério, dessas que papai usa para consertar encanamento em casa, na base da marginalidade e falta de conhecimento mesmo. e daí que o cidadão perguntou: 'aqui não é o lojão vende tudo?', e eu, pasma: 'não, moço, aqui é uma livraria..." - nina vieira

"também já me pediram papel de parede para computador. isso mesmo, aquele que fica na tela do computador" - rafael guedes de lima

[eric from hell]

from the bronx


freguês: moça, onde eu encontro os livros do erich fromm?

livreira: ERIC FROM DA ONDE?

(hahaha)

freguês (sem entender): oi?

(livreira, um pouco impaciente, explica o significado de "from" em português para o freguês, enquanto alguns livreiros observam a cena sem acreditar no que estão vendo e ouvindo)

freguês (um tanto sem jeito): não, moça, o nome do autor é erich fromm.

livreira: ah, sim... vamos dar uma olhada aqui.

manual prático de bons modos em livrarias: eric é vizinho da jenny e os dois são from the block.

[os russos atacam novamente]

morri. beijos.
amor compartilhado pelo livreiro daniel aliano 

cenário: do lado de fora da livraria, uma bela tarde de sol. do lado de dentro, livreira está milagrosamente parada no terminal de consulta no meio da loucura que quem é livreiro já conhece: uma propsta jk, 50 anos em 5. para quebrar o gelo, eis que chega a freguesa do dia, e ela chega chegando:

freguesa: boa tarde, você tem 'crime e castigo' em inglês?

(pra ajudar, só consta um exemplar no sistema. bóra procurar o danado, então. depois de dez minutos de procura frenética e muitos 'só um instante que eu já te ajudo', nada do livro)

livreira: olha, moça, tá muito difícil de encontrar, pois só temos um exemplar... não pode ser em português? a tradução desta edição está excelente.

freguesa (irredutível): não!, quero ler em inglês.

livreira: e a senhora não gostaria de fazer uma encomenda? chega na terça-feira (era sábado).

freguesa (mimimi): não, quero ler hoje!

(resignada, livreira continua a busca, afinal era um dostô! depois de mais alguns minutos e uma boa investigação, encontro o livro no setor de administração e levo triunfante para a freguesa)

freguesa: ai, menina, que maravilha! que bom que você encontrou! sabe, fiquei tentada quando você me falou dessa tal tradução, mas eu acho que é sempre bom ler os clássicos no original, né?

manual prático de bons modos em livrarias: verdade.

[crianças sozinhas no infantil]


verdade. e aproveitando as férias da criançada, um post das antigas.

dica da freguesa: clara meurer.

[a rússia é logo aqui]


 clube do bolinha russo: só gatos.


cabô sol, cabô climão maneiro, cabô as introduções monotemáticas dos posts. grazadeos. daí a freguesa, toda trabalhada na simpatia, resolve interagir um pouco mais com a livreira, antes de ir embora com alguns livros para a rebenta pré-adolescente:
 
freguesa: fico tão contente que a minha filha leia tudo isso, sabe? ela vai devorar esses livros em três dias.

livreira: ah, é realmente animador, né? daqui a pouco ela vai estar lendo os clássicos (livreira cita alguns livros e autores, dentre eles dostoiévski).

freguesa: ai, os russos! eu adoro a rússia. gosto tanto que quando eu vou ler algum livro de literatura russa eu ligo o ar condicionado, deixo o quarto bem gelado, só para me sentir lá.

(hahaha)

manual prático de bons modos em livrarias: sendo eu tiete dos portugueses, tô aqui pensando em decorar a sala com bacalhaus empalhados e deixar quim barreiros rolando na vitrola, assim, só para me sentir lá.

[barba ensopada de ketchup]

daniel sujando a barba. foto: renato parada


(amor compartilhado pela @jackiemorena)

freguesa: moço, por favor, onde eu encontro o novo livro do daniel galera?

livreiro: qual?

freguesa: o 'barba ensopada de sangue'.

livreiro: olha, a estante de livros de vampiro fica logo ali.

manual prático de bons modos em livrarias: haha colegas, alguém desenha pra mim essa mania de achar que absolutamente TUDO é livro de/sobre vampiros? a gente precisa superar isso, sério, a nova moda é namorar pelado (leia-se 'cinquenta tons de cinza').

[livraria, quarenta graus]

freguês curtindo o verão da forma correta: na praia


desde o começo do ano, toda vez que eu chego na livraria, cantarolo mentalmente o seguinte clássico: "só alegria nós estamos no verão, mês de janeiro, são paulo, zona sul. todo mundo à vontade, calor, céu azul, eu quero: aproveitar o sol." aproveitar o sol, como fas? olho ao meu redor e não vejo ninguém aproveitando o sol, muito pelo contrário: livraria com freguês pendurado até no globo terreste decorativo da loja e crianças transformando o lugar em um hospício mirim. alô, seu psiquiatra, trinta dias de licença para a livreira sim ou claro? janeiro é sempre assim: férias da garotada, pais completamente pirados por causa do material didático (beijo pra freguesa que foi ontem, oito de janeiro de dois mil e treze, com uma lista de 2011) e, claro, inferninho de quarenta graus. que vibe. mas vamos aos causos:

freguês: moça, tem o livro "veneno maldito", da companhia das letras?

livreira: bom dia.

(sim, freguesia, estamos no projeto "bom dia, por favor e obrigado são fundamentais". você não fala, mas a gente fala pra você)

freguês (sem jeito): bom dia, tem esse livro, o "veneno maldito"?

(livreira consulta no terminal e não encontra nenhum título parecido. não que seja da companhia das letras)

freguês: ai, moça, é veneno alguma coisa, "veneno que mata", talvez? não sei, só sei que é dessa editora aí.

(adoro quando vocês começam a inventar?)

livreira: olha, não mesmo. será que não é esse (apontando para o título no monitor) do javier marías?

freguês: menina, esse mesmo.


manual prático de bons modos em livrarias: é muito sol na cabeça, a gente entende. é claro que a gente entende.

[oi, 2013]

                                                             livreiros em ritmo de festa
 

dia quente de dezembro, véspera de natal, livraria mais lotada que a praia de copacanaba no reveião. livreiro desinibido e dando sopa (porque a freguesia acha que livreiro parado é livreiro dando sopa) é abordado por freguesa portuguesa.

freguesa (ansiosa, abanando o livro): moço, não tem preço?

(preço, minha senhora? estamos numa ONG, é só colocar na bolsa)

livreiro: dê aqui, vamos verificar na maquininha (BIP!). a senhora faz parte do nosso programa de fidelidade? é que esse tá com preço promocional para quem é filiado.

freguesa (demonstrando muita felicidade): AHHHHH, E HOJE AINDA É FERIADO?

manual prático de bons modos em livrarias: alô, carlos alberto de nóbrega, rola um revival daquele quadro querido d'a praça é nossa?
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